sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Só pode ser isso!

Tem um E.T. azul (i.e., militar da aeronáutica, com o devido respeito =) ) preso em alguma sala do prédio da administração do ITA criando e modificando regras. Só pode ser isso!

Das duas uma, ou ele(a) é uma pessoa extremamente criativa ou fica entediado sem ter o que fazer e tasca a mudar o lenga-lenga burocrático da respeitada instituição.

Embora essa seja uma suspeita perene, decorrente da grande dificuldade que sentimos sempre que precisamos resolver algum assunto que envolva papéis, a teoria me foi originalmente apresentada por um amigo querido que passou um tempo às turras com a entrega de sua tese de doutorado.

Agora, tenho uma outra prova circunstancial. Vejam bem!

Em coisa de um ano e meio, participei de 5 congressos. Quatro dos cinco processos de pedido de reembolso foram diferentes. Primeiro, a secretária da matemática tinha que preencher um tal de PAM, eu tinha que trazer notas e recibos e carta de aceite de trabalho e estava tudo certo. Dinheiro na mão.

Mas, mas... Aos poucos, começaram a aparecer etapas novas e documentos novos e sei lá mais o que... Inclusive, em uma dessas vezes eu mesma tive que preencher o tal do PAM! Então, a coisa toda foi degringolando...

Finalmente chegamos ao dia de hoje. Não contentes com o recibo do pagamento da inscrição com o CNPJ da instituição organizadora e a assinatura (que não pode ser escaneada) do organizador do evento (a criatura mais simpática do planeta - risinho irônico), não contentes com os resumos e a carta de aceite dos dois trabalhos submetidos, não contentes com as passagens de busão que atestam que eu fui a Teresópolis e lá fiquei por três dias, não contentes com o relatório de despesas preenchido (esse formulário é novo), não contentes com tudo isso... Adivinha o que eu tive que imprimir... Não? Nem faz idéia? Uma cópia do poster!!!

Ah! Fala sério! Deu vontade de levar meu um metro quadrado de lona e enrolar nele a sargento (tadinha, ela até se esforça pra ser gente boa) que recebe os comprovantes... =p

Pois é... Até parece que eles vão conseguir ler o conteúdo de um poster tamanho A0, espremido em uma folhinha A4. E mesmo que conseguissem ler, até parece que eles entenderiam minha "Dynamical Analysis of  stable-unstable transitions in the algorithmic definition of the Weak Stability Boundary in Earth to Moon transfers" ou a "Characterization of the Algorithmic WSB associated sets in low-energy Earth to Moon mission design"...

Só pode ser isso! Tem um sádico E.T. azul criando e modificando procedimentos burocráticos, preso em algum lugar do CTA.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sobre patos, amigos e patos amigos

Ainda bem que minha irmã é psicóloga. Eu já perguntei e ela falou que é normal crianças terem amigos imaginários. Eu tive vários. O mais legal dos amigos imaginários é que mesmo quando eles não fazem o que você gostaria, eles ainda fazem o que você quer. Deu pra entender?

De todos os meus coleguinhas imaginários, meu preferido é, até hoje, o Pato Fernando. Ele foi um amigo tardio e apareceu na minha vida inadvertidamente. Aliás, como quase tudo aquilo que é bom demais na vida: demora pra acontecer, a gente nem está esperando e quando acontece se torna tão vital que parece sempre ter sido assim desde sempre. Deu pra entender?

O Pato Fernando é lindo! Branquinho, esbelto... O melhor desenho que já fiz na vida (ele e um elefante que desenhei para a aula de biologia de Adelcio Valois - o professor que fazia chover).


Meu pato imaginário teve uma colega de fauna que também merece aparecer neste post. A Madame Curie, prova cabal da minha tendência à nerdice científica. De acordo com a minha querida irmã, ela foi meu objeto transicional (não sei se isso é bom ou ruim! rsrsrs), algo como a mantinha do Linus do Peanuts. Não sei como a pobre coitada existe até hoje. Poucos ursinhos de pelúcia devem ter sido tão amassados como ela. Pior era ter que lavar a bichinha e pendurar no varal...

Mas amigo que é amigo resiste até às intempéries do tempo.

E a gente vai vivendo, crescendo talvez, e vai aprendendo a ganhar e guardar amigos, não mais imaginários. Irmãos amigos, amigos irmãos. Queridos que toleram até nossas divagações sobre amigos imaginários. Que nos amam apesar de conhecer os nossos piores defeitos. Pessoas a quem recorremos quando dói o coração, quando as incertezas apertam e precisamos de colo. Amigos que se alegram com nossas alegrias e nos confortam na tristeza. Não são muitos, mas são tesouros. Não importa que soe piegas. Aos meus amigos, um grande abraço. Contem sempre comigo!

P.S.: Este post é culpa da minha irmã. Que comentou que fazia tempo que eu não falava no Pato Fernando. Aliás, onde quer que você esteja, boa noite, Pato Fernando!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Assim sendo...

Dia 5 de dezembro. O ano quase terminando, a vida passando mais que veloz. E a gente fica pensando em tudo o que foi, tentando entender como as coisas são e prever, com a maior precisão (im)possível, os próximos capítulos desta aventura toda.

Minha listinha de coisas a fazer vai ficando cada vez mais comprida. E uma agoniazinha irritante cresce junto com ela. Cá estou eu escrevendo, para abstrair a tal agoiazinha, enquanto poderia estar empenhada em concluir o próximo item da lista e assim, eventualmente, suprimi-la completamente. Mas quem disse que lógica ou dever tem a ver com o que a gente resolve fazer?

No final das contas, a gente é, mais que tudo, coração. E acabamos percebendo que viver no passo do tique-taque do relógio não é apenas enfadonho, mas insuficiente pra nos fazer felizes. Sim, há que ser responsável, lutar pelo que se quer, sacrificar-se para obter os resultados necessários. Mas há também que dar-se uma indulgência de vez em quando.

Podemos parar pra ver o céu azul, o mato verde, a blusinha ridiculamente cara na vitrine do shopping (nem só de natureza viverá a mulher moderna!). Podemos ler livros de poesia, assistir musicais e sujar a cozinha da mãe da amiga com massa de panqueca. Podemos dançar na sala e cantar no chuveiro. Podemos correr no parque ou parar no parque, deitar na grama ouvindo música. Podemos exercitar o coração imaginando com toda força o que o estranho que acabou de passar está pensando, o porquê de ter os olhos tristes ou parecer apressado.

Cabe a cada um escolher seu indulto. Pra mim, meu melhor indulto é aquietar o coração com aquilo que se recebe de graça: o cuidado do Criador, na voz e no olhar daqueles a quem amamos; a certeza de que está tudo bem porque a vida é muito mais que reações químicas em nossas células; a esperança de que um dia o corre-corre não vai significar mais nada, mas que ainda assim, terá valido a pena...

Ensina-nos a contar os nossos dias para que alcancemos corações sábios.